Sua empresa é inclusiva? O conteúdo que você publica na internet pode ser acessado por milhões de pessoas com deficiência? As legendas acessíveis para redes sociais são um recurso fácil de implementar que pode fazer a diferença para um grande número de pessoas cegas ou com baixa visão.
Provavelmente, você já passou pela experiência de acessar um site que não funciona direito, seja por causa de imagens “quebradas”, links que não levam a lugar algum , ou diagramação confusa. É frustrante, concorda? Agora, imagine se isso acontecesse na maioria dos sites que você visita. Como você se sentiria? Pois essa é a realidade atual para 45 milhões de pessoas com deficiência, no Brasil. Explico.
Uma pesquisa feita pelo Movimento Web Para Todos e pela plataforma de dados BigDataCorp, divulgada em maio de 2020, analisou mais de 14 milhões de páginas web registradas no Brasil. E verificou que 93,6% dos links, e 55,19% dos formulários inseridos nos sites analisados, apresentam algum problema de acessibilidade.
Apenas 0,75% dos sites brasileiros passaram em todos os testes de acessibilidade. O mesmo levantamento, feito em 2019, indicava 0,61%. Ou seja, houve uma evolução, embora mínima.
Se há algo a se comemorar é que, hoje, apenas 0,01% dos sites ‘zeraram’ em absolutamente todos os testes aplicados, contra 5,6% no ano anterior. Os dados indicam, ainda, uma leve melhora de acessibilidade nos sites governamentais. Na primeira auditoria, 99,66% deles acusavam algum problema de acessibilidade, contra 96,71% da análise atual.
Já os problemas de acessibilidade nas imagens giram em torno de 83% em todos os setores analisados. “Esse dado é muito chocante para nós, pois é um dos problemas mais simples e rápidos de serem resolvidos e que faria muita diferença na vida dos cerca de 6,5 milhões de pessoas cegas ou com baixa visão no nosso país”, aponta Simone Freire, idealizadora do Movimento Web para Todos.
Legendas acessíveis para redes sociais
Para que um site seja considerado acessível, ele precisa atender a uma série de características técnicas que podem ser encontradas nas Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG) 2.1. Assim como nas Cartilhas de Acessibilidade da W3C, que examinam as questões da acessibilidade de forma abrangente. Não vou me deter nesse assunto agora. Quero, antes, falar sobre as legendas acessíveis para redes sociais. E em especial, sobre as legendas para imagens.
Pessoas com deficiência acessam a internet de maneira particular, utilizando dispositivos de tecnologia assistiva de acordo com suas necessidades. Alguns exemplos são: leitor de tela, navegador por voz, ampliador de tela e teclados alternativos.
Uma pessoa cega, por exemplo, pode navegar na web utilizando um leitor de tela como o Voice Over (iOS) ou TalkBack (Android) –softwares que capturam as informações de texto transformando-as em áudio através de um sintetizador de voz. Essa tecnologia ajuda muito, mas quando encontra uma imagem, não consegue decifrá-la. Para contornar o problema é preciso que as imagens venham acompanhadas de legendas acessíveis. Elas são diferentes das legendas de texto usadas normalmente, que fazem um comentário complementar às imagens.
A legenda acessível precisa ser redigida de acordo com diretrizes específicas que condizem com seu objetivo: descrever as imagens de forma objetiva, para dar contexto ao post.
Da Hashtag ao Texto Alt
Por volta de 2012, nas redes sociais, perfis preocupados com a inclusão digital passaram a adotar a hashtag #PraCegoVer (e outras similares como #timelineacessível, #acessível, e #PraTodosVerem) seguida de uma legenda acessível, em suas publicações.
Algum tempo depois, redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter e LinkedIn, passaram a disponibilizar o recurso Texto Alternativo (também descrito como Texto Alt) nas imagens. Na verdade, a funcionalidade já existia em algumas redes, com a função de substituir uma imagem quando ela não era carregada. A novidade é que o algoritmo das plataformas passou a fazer uma descrição automática de acordo com os objetos contidos na imagem. No entanto, a qualidade não é suficientemente boa, e as legendas acessíveis precisam ser reescritas manualmente. Esse é um campo de trabalho novo, muito interessante, a que tenho me dedicado.
O Texto Alternativo, seja gerado automaticamente ou editado manualmente, fica visível apenas para os leitores de tela. Mas você deve ter reparado que muitos perfis de redes sociais incluem a legenda acessível no textos dos seus posts, geralmente usando hashtags como #PraCegoVer e #PraTodoMundoVer. Isso é redundante mas aceitável, uma vez que sinaliza para as pessoas sem problemas de visão, a importância da acessibilidade na internet. Ou seja, as hashtags de acessibilidade podem ser usadas, mas é essencial preencher corretamente o campo de Texto Alt.
Em resumo, as legendas acessíveis são elementos fáceis de implementar, com custo acessível e que, de quebra, podem ajudar no SEO da marca. Nada mal, praticar inclusão e ainda ficar bem posicionado em buscas por palavra-chave, né?
Você pode acessar a íntegra dos dados da pesquisa em: https://mwpt.com.br/numero-de-sites-que-falham-nos-testes-do-web-para-todos-cai-mas-ainda-preocupa/
Deixe um comentário